sábado, 5 de novembro de 2011

FVLVIA 2008 Cabernet-Franc + Gnocchi caseiro



Finalmente, depois de 10 dias de antibiótico, consegui degustar meu primeiro vinho Natural, e o escolhido foi o FVLVIA 2008 Cabernet-Franc. Reproduzo aqui o que diz o rótulo desse vinho:
“Estabilizado naturalmente/ não filtrado: ocorrendo sedimentos e gás carbônico, decantar e em seguida agitar vigorosamente.”
Confesso que estava com um misto de tensão e ansiedade.
Optei por degustá-lo, inicialmente sem acompanhamentos e em seguida tentar harmonizá-lo com um gnocchi caseiro com pomodoro fresco e manjericão, um prato simples, para não correr o risco de ofuscar o vinho.
Fiz tudo direitinho. Vinho decantado e agitado.
Olho: observo que, mesmo decantado, sua cor é de um rubi não muito brilhante, não é um vinho totalmente cristalino, porém isso, de forma alguma interferiu negativamente no belo visual. Pude perceber um certo tom avermelhado de terra.
Nariz: sei que talvez o winemaker trema, mas senti um aroma de uma bebida que minha mãe fazia fermentando a casca do abacaxi. Inicialmente não consegui definir aquele aroma, mas aos poucos foi-se formando esse link na minha memória. Os aromas são muito equilibrados, não se sente nenhum que se sobressaia. Foi divertido ir cheirando e tentando associar os aromas. Pude sentir frutas vermelhas frescas, algo de terra, herbal.
Boca: muito equilibrado, corpo médio, persistência média. Taninos muito elegantes e integrados. Talvez o que  tenha  se sobressaído foi a acidez, porém sem comprometer, de maneira nenhuma, o equilíbrio. Um vinho muito delicado e interessante.
De fato o vinho me surpreendeu, por ter características diferentes dos vinhos que mais tomamos por aqui: os industrializados do novo mundo.
Aqui vai o que o criador diz a respeito da criatura:
“Este Cabernet-Franc vinificado com mínima intervenção e inspirado nos vinhos naturais do Vale do Loire, combina equilíbrio, expressividade e delicadeza...”
Harmonização: não sei dizer ao certo se a minha escolha foi a melhor. Posso dizer que ela funcionou muito bem. O vinho mostrou toda a sua veia gastronômica. Essa harmonização é o que se espera de uma harmonia: o vinho ajudou a comida e vice-versa. A acidez do vinho combinou muito bem com a acidez do molho de tomates frescos e o tanino, mesmo discreto deu conta da untuosidade do queijo e do azeite. Posso dizer que preferi o vinho combinado com o prato do que em vôo solo.
Para aqueles que se interessam, considero muito importante experimentar um vinho como esse, que serve para abrir nosso leque de aromas e sabores.
Já estou ansioso para experimentar os outros naturais...
Até a próxima.

Ficha técnica de vinificaçãoColheita: manual em caixas de 15,5 Kg
Desengace: manual, com seleção visual de grãos
Quebra das bagas: manual suave, com leve compressão por rolos de inóx
Remontagem: manual por pigeage (sem uso de bomba)
Transporte do mosto: por gravidade, sem bombeamento de sólidos
Prensagem: não (excluído o vinho de prensa)
Tratamento de frio: não
Filtragem: não
Colagem: não
Adição de leveduras enológicas: sim
SO2 no mosto: não
SO2 nos transvases: baixo, uma única aplicação
SO2 no engarrafamento: não
* SO2 livre antes do engarrafamento: 4,0 mg/L
* SO2 total antes do engarrafamento: 20,0 mg/L
* (Existe uma diminuição da ordem de - 5,0 mg/L após o engarrafamento. Favor aguardar análise para os valores finais)

* Sob os parâmetros normais do mercado, que autorizam uma adição de até 350 mg/L de SO2, este vinho encontra-se tecnicamente sem conservantes.

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